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Brasil, Ciência e Animais: investimento em um só lado

Autor: Róber Freitas Bachinski
Publicado em: Grupo pela Abolição do Especismo

Enquanto tantos países avançam no investimento em ética na pesquisa, o Brasil retrocede.

Enquanto pesquisas em métodos alternativos ao uso de animais na ciência são negligenciadas em todos os editais do CNPq e em qualquer pronunciamento, o CNPq e o Ministério da Ciência e Tecnologia dão um exemplo de parcialidade, ao apoiar um tipo de pesquisa em detrimento de outros.
Para manter o financiamento e a aceitação de alguns, a poda do pensamento crítico-social é novamente realizada. “Viva os ratos, tão importantes para a ciência. Os ratos, nossos heróis, que se sacrificam e dão a sua vida ao conhecimento e à salvação humana”. Uma frase dessas é bastante esperada de um órgão nacional preocupado com a ciência, juntamente com a Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE). Isso apenas me traz a esperança contida nesta citação, da qual me valho para este momento:

“parte dos cientistas de hoje é, tal como diz a metáfora de Descartes, um exército de artesãos trabalhando loucamente para manter um edifício velho, esmigalhando-se, com alguma aparência de estar sendo reparado” (Grün*).

Um milhão de reais

O valor que alguns dos organizadores da campanha já receberam do CNPq e do Ministério da Ciência e Tecnologia é de um milhão de reais. Quanto, porém, foi destinado para criação de Centros de Alternativas às Pesquisas com Animais (como o da Universidade de Konstanz, Alemanha, inaugurado no final de março desse ano, que tomou como modelo o Centro na Universidade Johns Hopkins, EUA)? Quantos congressos há no Brasil para incentivar a produção científica na substituição do uso de animais? No ano passado, participei em Roma, Itália, do 7º Congresso Mundial para Alternativas & Uso de animais nas ciências da vida. Isso soma 14 anos de preocupação mundial, a qual o Brasil se mantém cego. Neste ano, em Linz, Áustria, realizar-se-á o 16º Congresso sobre Alternativas aos Testes em Animais.

Talvez os órgãos de fomento devessem pensar em construir novos edifícios, com alicerces ética e metodologicamente mais reforçados, no lugar de apenas financiar os reparos de um paradigma tão questionado na minha geração.

Róber Freitas Bachinski: Biólogo (UFRGS) e Mestrando em Saúde Pública e Meio Ambiente - Toxicologia Ambiental. ENSP/Fiocruz, participante do GAEPOA.

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