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Avanços médicos foram conquistados SEM a experimentação em animais


Você sabia que os seguintes avanços médicos foram conquistados SEM a experimentação em animais?
01) Descoberta da relação entre colesterol e doenças cardíacas.
02) Descoberta da relação entre o hábito de fumar e o câncer, e a nutrição e câncer.
03) Descoberta da relação entre hipertensão e ataques cardíacos.
04) Descoberta das causas de traumatismos e os meios de prevenção.
05) Elucidação das muitas formas de doenças respiratórias.
06) Isolamento do vírus da AIDS.
07) Descoberta dos mecanismos de transmissão da AIDS.
08) Descoberta da penicilina e seus efeitos terapêuticos em várias doenças.
09) Descoberta do Raio-X.
10) Desenvolvimento de drogas anti-depressivas e anti-psicóticas.
11) Desenvolvimento de vacinas, como a febre amarela.
12) Descobrimento da relação entre exposição química e seus efeitos nocivos.
13) Descoberta do Fator RH humano.
14) Descoberta do mecanismo de proteína química nas células, incluindo substâncias nucléicas.
15) Desenvolvimento do tratamento hormonal para o câncer de próstata.
16) Descoberta dos processos químicos e fisiológicos do olho.
17) Interpretação do código genético e sua função na síntese de proteínas.
18) Descoberta do mecanismo de ação dos hormônios.
19) Entendimento da bioquímica do colesterol e "hipercolesterolemia" familiar.
20) Produção de "humulina", cópia sintética da insulina humana, que causa menos reações alérgicas.
21) Entendimento da anatomia e fisiologia humana.

Fonte: "Physicians Committee for Responsible Medicine"

II Manifestação Nacional Anti Vivissecção e Experimentação Animal


Brasília aderiu à convocação nacional feita pelo grupo Cadeia Para Quem Maltrata os Animais e a  Weeac e participará mais uma vez da manifestação contra vivissecção e experimentação em animais. Até o momento mais de 30 cidades brasileiras confirmaram a adesão!

O protesto será no dia 28 de abril às 16 horas. Haverá uma passeata no trecho Conjunto Nacional - Conic - Rodoviária. Portaremos faixas e cartazes, distribuiremos material informativo e promoveremos um apitaço ao final.

COMUNICADO IMPORTANTE: Na véspera da manifestação, no dia 27 de abril, haverá concentração às 9:00 da manhã em frente ao Ministério da Ciência e Tecnologia, onde se encontra o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal - CONCEA. Levaremos faixas e por lá permaneceremos por cerca de 1 hora em protesto. É importante a presença de todos!

Iniciativa: Cadeia para quem Maltrata os Animais
Apoio: Weeac
Organização Nacional: Norah André
Organização em Brasília, DF - Patrícia (Libertação Animal Brasília)
Realização: Grupos e ativistas independentes do DF
OBS: Muitas outras cidades irão participar do Evento Nacional. Confira a listagem, que irá sendo ampliada à medida que novas cidades se juntem à Manifestação Nacional, por favor:

Para quem ainda não confirmou presença, aqui está o link: 

Leituras recomendadíssimas para quem ainda não possui uma opinião formada sobre o assunto:
http://contatoanimal.blogspot.com/2012/02/soberba-vivisseccionista.html
http://contatoanimal.blogspot.com/2012/02/dando-prosseguimento-nossa-tentativa-de.html
http://contatoanimal.blogspot.com/2012/02/metodos-alternativos-por-sergio-greif.html
http://contatoanimal.blogspot.com/2012/02/vivisseccao-um-negocio-indispensavel.html

Campanha anti-vivissecção

Este comercial não possui imagens, apenas o áudio é suficiente para que todos nós sejamos capazes de imaginar o que acontece nos laboratórios que experimentam em animais. O texto está em inglês, mas é de fácil compreensão. Simplesmente tocante. :´(

Direitos humanos e direitos animais: uma combinação perfeita

Por Gary L. Francione
Publicado em anima.org.ar
Caros(as) colegas:

“Há problemas humanos demais no mundo; precisamos resolvê-los primeiro e só pensar nos animais depois”.
“Primeiro vamos lutar pela paz mundial; depois podemos lutar pelos direitos animais”.
Qualquer pessoa que esteja envolvida na defesa animal frequentemente se depara com esses comentários e outros semelhantes. Muita gente me pergunta que resposta eu dou a esses comentários.
Primeiro de tudo, ninguém está dizendo que quem está engajado na defesa dos direitos humanos deveria desistir e se engajar na defesa dos direitos animais. Em vez disso, a ideia é que, se aceitamos que os animais são membros da comunidade moral, então devemos parar de comê-los, de usar roupas e sapatos feitos a partir deles, de consumi-los em nossa vida pessoal. Tornar-se vegano não requer que você pare de defender crianças abusadas ou mulheres vítimas de espancamento, nem que você abandone sua militância contra a guerra.
Depois de uma palestra sobre direitos animais que eu dei num centro comunitário, uma mulher veio falar comigo e me informou que era voluntária do centro de atendimento a vítimas de estupro e mulheres espancadas. Disse que era muito favorável a tudo que eu tinha para dizer sobre os animais, mas que estava totalmente ocupada com seu trabalho em prol das mulheres e não sabia como achar tempo para se envolver com os direitos animais.
Eu lhe perguntei: “Você tem tempo para comer, não tem?”
Ela respondeu: “Claro que sim!”
“Você usa roupas, xampus e outros produtos?”
“Sim, claro. Mas o que isso tem a ver com o assunto?”
Tem tudo a ver. Eu lhe expliquei que, se ela realmente levasse a questão animal a sério, tudo que ela precisaria fazer seria parar de consumir animais como comida e vestuário, parar de usar produtos que contivessem animais ou fossem testados neles, e parar de frequentar qualquer tipo de entretenimento que os utilizasse. Se ela nunca fizesse mais nada quanto à questão animal, o ato de se tornar vegana e o exemplo que ela estaria dando aos amigos e à família constituiriam, eles próprios, importantes formas de ativismo que de modo algum interfeririam com seu trabalho em defesa das mulheres.Tornar-se um defensor da abolição é algo que você pode fazer na sua próxima refeição.
Segundo, é um erro achar que as questões da exploração humana e da exploração animal sejam mutuamente excludentes. Ao contrário, todas as formas de exploração estão inextricavelmente ligadas. Toda exploração é uma manifestação da violência. Toda discriminação é uma manifestação da violência. Enquanto tolerarmos qualquer tipo de violência, haverá todo tipo de violência.
Conforme observou o romancista Leon Tolstói: “Enquanto houver matadouros, haverá campos de batalha”.
É claro que Tolstói estava absolutamente certo. Enquanto nós, os humanos, considerarmos normal matar animais para comida, não tendo nenhuma justificativa para isso, a não ser o prazer frívolo que obtemos ao comer ou usar animais, nós consideraremos normal fazer uso da violência quando acharmos que algo mais importante está em jogo.
E o inverso também vale: enquanto tolerarmos o racismo, o sexismo, o heterossexismo e outras formas de discriminação, haverá especismo. Por esta e outras razões, uma coisa importante é que os defensores dos animais nunca deveriam se ver como ativistas “de um tema só”. O especismo é moralmente objetável porque, como o racismo, o sexismo e outras formas de discriminação, exclui os seres do escopo da preocupação moral, com base num critério irrelevante. Não faz a menor diferença se esse critério irrelevante é a raça, o sexo, a orientação sexual ou a espécie. Não podemos dizer, sensatamente, que nos opomos ao especismo mas apoiamos, ou não temos nenhuma posição sobre, outras formas de discriminação. Somos contra o especismo porque o especismo é como o racismo, o sexismo e outras formas de discriminação. Nossa oposição ao especismo implica, de maneira lógica, uma rejeição a essas outras formas de discriminação.
De novo: isso não significa que os defensores dos animais devem parar de trabalhar pelos animais e se tornar defensores dos direitos humanos. Significa, no entanto, que eles devem sempre deixar claro, para as outras pessoas, que eles se opõem a todas as formas de discriminação - e eles não devem jamais praticar a discriminação em sua vida pessoal.
Terceiro, muitas pessoas altruístas querem mudar o mundo, o que é admirável, mas elas não veem que a mudança mais importante ocorre a partir do indivíduo. Como dizia Mahatma Gandhi: “Você precisa ser a mudança que quer ver no mundo”. Se você quer um mundo não-violento, precisa abraçar a não-violência na sua própria vida. O veganismo é um importante componente de uma vida não-violenta, já que, sem sombra dúvida, toda comida de origem animal e todos os outros produtos feitos com a exploração animal são resultados da violência.
Outra boa frase de Tolstói: “Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si próprio”.

De volta ao começo....

Que fique claro que este post não é uma apologia ao bem-estarismo!!! Nosso sonho e a razão pela qual estamos lutando é a total e completa abolição animal!

Compartilhamos este vídeo aqui porque o clipe ficou muito bem feito e para algumas pessoas pode ser que fale mais do que mil palavras...Especialmente se nos focarmos na primeira parte do vídeo.

A campanha publicitária de um restaurante que conta a história de um fazendeiro que transforma sua fazenda de família numa indústria de massa, e acaba enxergando as graves consequências que isso trás. Então, como diz a canção e o título do vídeo, o fazendeiro volta ao começo (Back to the Start), e realiza escolhas sustentáveis para sua fazenda, enfatizando a importância do desenvolvimento de um sistema sustentável de alimentos. Porém, o melhor final para este clipe seria se o fazendeiro passasse a lutar pelo o fim da exploração dos animais! Pena que a ideia não foi usada para uma propaganda de um restaurante vegano!
Vale a pena mencionar que a música é do Coldplay, só que aqui ela foi regravada por Willie Nelson.

Experimentação animal: o debate na universidade e nos laboratórios de pesquisa

Por Michele Gonçalves
10/12/2011
O uso de animais na experimentação científica foi largamente difundido durante o século XVIII, e apenas a partir do final do século passado essa prática passou a ser fortemente questionada. Tais questionamentos obtiveram marcos importantes, como a proibição, na Europa, dos testes de produtos cosméticos acabados e de parte de seus constituintes em cobaias, bem como o banimento de experimentos invasivos em chimpanzés, em 2010, por 27 membros da União Europeia, deixando os EUA e o Gabão como últimas nações a realizar tais experimentos. Este pode ser o início de um movimento que atingirá também outras espécies animais.

A preocupação com o bem-estar animal, entretanto, segundo a antropóloga do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade estadual de Campinas (Unicamp), Nádia Farage, é antiga. “Já em meados do século XIX, em particular na Europa e nos Estados Unidos, consolidavam-se os ideais anti-vivisseccionistas, em meio a movimentos sociais amplos contra o darwinismo social” – o qual se constituiu numa interpretação que extrapolou a teoria da seleção natural de Darwin para as relações humanas, publicada na mesma época.

Grande parte dos ativistas e cientistas vê a experimentação animal de uma perspectiva dicotômica. Mas segundo Cléo Alcântara Costa Leite, docente e pesquisador em fisiologia comparada da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), essa questão, se posta dessa forma simplória, gera apenas uma discussão maniqueísta e desvirtua o que, de fato, há de importante a se discutir, que é a ética no uso dos animais. “Se a questão gira em torno do contra ou a favor, ocorre, a priori, a divisão das pessoas, e não das ideias”.

Mas a discussão caminha cada vez menos pela vertente da dicotomia. A maioria dos pensadores dos direitos dos animais, sejam eles ativistas ou cientistas que praticam ou não metodologias experimentais, reconhecem que existiram avanços na legislação, principalmente na última década, mas que muito ainda se necessita avançar e discutir sobre a questão.

Atualmente, vigora no Brasil a Lei Arouca, publicada em 2008 em revogação à antiga lei de vivissecção, de 1979. Por força dessa lei criou-se o Conselho Nacional de Experimentação Animal (Concea) e as Comissões de Ética no Uso de Animais (Ceuas) para regulamentarem, em território federal, a utilização de animais em experimentos. Cléo Leite considera fundamental o avanço da legislação. Ele aponta que os comitês de ética, nas instituições de ensino e pesquisa, têm papel de extrema importância ao discutir as formas de atuação dos profissionais e corrigi-los, norteando assim os procedimentos para que a atividade de pesquisa seja feita de modo racional e ético. Os comitês, afirma o pesquisador, não tem poder de punição, mas sem seu aval o financiamento para a pesquisa não é aprovado e os dados também não são publicados, já que os periódicos científicos exigem essa aprovação. “O que é monitorado não é a atividade em execução, mas a proposta da atividade. Se, de início, a ideia e o procedimento forem julgados como fora dos padrões éticos, o projeto nem sequer é iniciado”. Os comitês são multidisciplinares, explica, incorporando profissionais de diversas áreas do conhecimento com o intuito de que todos os projetos sejam avaliados com o mesmo rigor, independentemente do grupo animal ao qual se relacionem e das especificidades conceituais, estatísticas e metodológicas de cada um.

Mas de acordo com Vânia Rall Daró, especialista em direito constitucional e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância (LEI), da Universidade de São Paulo (USP), a Lei Arouca ainda mostra-se pouco benéfica aos animais, justamente por favorecer a experimentação tanto para fins didáticos quanto para fins de pesquisa, e conceder grande poder e autoridade às comissões de ética. Ela argumenta que os animais têm direito à vida, à integridade física e psíquica, e à liberdade, direitos estes que ela acredita serem desrespeitados durante sua submissão a experimentos (leia mais sobre direito animal).

Nádia Farage avalia que a atual legislação retrocede em relação à lei de 1979 na medida em que reintroduz os testes sem anestesia em casos em que a medida do sofrimento seja fator relevante à pesquisa. Vânia e Laerte Levai, promotor público e especialista em bioética pela USP, contudo, ressaltam a importância do artigo 32 da Lei nº 9.606/1998 (lei de crimes ambientais), que pune a realização de experimentação animal no caso da existência de um método alternativo disponível.

Artigo de Gabriela Santos Rodrigues, Aline Sanders e Anamaria Gonçalves dos Santos Feijó, na revista Bioética (Vol. 19, nºo 2), ressalta que o termo “alternativo”, embora não tenha sido definido de forma específica em nenhum documento oficial relacionado ao uso de animais, pode significar, para pesquisadores, professores e pessoas envolvidas no manuseio de animais, desde métodos que resultam na redução do número de animais utilizados, que exijam desenho estatístico prévio da pesquisa proposta ou que incorporem refinamento nos procedimentos envolvendo animais; até métodos que preveem a substituição dos mesmos por partes do corpo ou por modelos não vivos ou computadorizados, compreensão essa influenciada pela teoria dos três Rs (reduzir, refinar e substituir), de William Russel e Rex Burch. As autoras afirmam, contudo, que muitos pesquisadores discordam dessa visão, argumentando que o termo “alternativo” deva referir-se tão somente ao “terceiro R”, a substituição (replacement, em inglês).

Dentre as possibilidades de substituição ao uso de animais em experiências, as autoras do artigo apontam a pesquisa através do uso de culturas de células e tecidos, simulações computacionais e bioinformática, tecnologia de DNA recombinante e nanotecnologia; e a adoção de didáticas que fizessem uso de programas computadorizados, realidade virtual, vídeos interativos ou demonstrativos, manequins específicos e investigação in vitro. Elas inferem que a lentidão na substituição da experimentação por métodos alternativos deve-se à falta de conhecimento sobre essas opções, uma vez que a maioria dos respondentes da amostra de sua pesquisa (pesquisadores e docentes das áreas médica e biológica de uma universidade do Rio Grande do Sul) posicionou-se a favor da substituição. As autoras concluem ser necessário o interesse, por parte das instituições, em buscar e oferecer o acesso de seus profissionais aos métodos alternativos disponíveis, bem como fomentar a criação de novos recursos didático-pedagógicos como, por exemplo, um banco institucional de métodos alternativos.

Alguns pontos em debate

A regulamentação dos comitês de ética deu ênfase à discussão da experimentação também dentro dos laboratórios de pesquisa e da universidade, em particular no que diz respeito às etapas pré-clínicas de testes de medicamentos e cosméticos, com tradição no uso de animais (e aqui se incluem todos os produtos que atendem às necessidades tanto de saúde e higiene quanto estéticas). De acordo com o fisiologista Leite, não há produto de uso humano, ou medicamento comercializado de forma legal, que não tenha passado por uma bateria grande de testes biológicos em organismos animais. Se o produto final não foi testado, todos os seus componentes constituintes e os efeitos de suas combinações o foram. O pesquisador acredita que atualmente “não há alternativa para tais testes dentro da legalidade e da prudência”.

As condições políticas também são fundamentais nessa discussão, enfatiza Nádia Farage. Citando Machado de Assis, em Conto Alexandrino, a pesquisadora aponta que a mesma matriz conceitual que permite o experimento em animais poderia se aplicar a humanos se essas condições a isso favorecessem. Para Vânia Rall, a não experimentação em animais traria a necessidade da busca de outros critérios e métodos de pesquisa, que muito provavelmente se revelariam mais eficazes dos que os atuais. Ela enfatiza que Claude Bernard, médico e fisiologista francês que instituiu, no século XIX (leia artigo sobre história da experimentação), a atual medicina experimental, já reconhecia que o modelo experimental ideal para o ser humano seria seu semelhante, e não o animal. Na Europa, a legislação prevê que os testes de constituintes de produtos cosméticos sejam progressivamente substituídos por métodos alternativos de experimentação até 2013. No Brasil, embora não haja regulamentação específica, algumas empresas já deixaram de testar em animais a maior parte de seus produtos acabados e de seus constituintes.

Alternativas nas aulas práticas

Segundo Leite, em se tratando de fins didáticos, a substituição deve ser aplicada sempre que ela melhorar ou, pelo menos, não afetar a formação profissional dos alunos. Ele diz que, de forma geral, aulas práticas ilustrativas podem ser substituídas por modelos e simulações sem prejuízo, e que esses modelos inclusive tornam a aula mais fácil de se montar, planejar e ajustar. O pesquisador comenta que substituições de vários tipos têm sido feitas em algumas universidades do Brasil, e Vânia exemplifica que a Faculdade de Medicina Veterinária da USP, utiliza-se, já há algum tempo, do Líquido de Larssen, que possibilita a reutilização de cadáveres de animais mortos de forma natural.

Enquanto as alternativas ainda são incipientes, alguns pesquisadores defendem a evocação, por parte dos alunos, da objeção de consciência, um direito previsto na Constituição Federal e que, segundo Vânia Rall, “assegura a qualquer cidadão o direito de não praticar atos que firam os ditames da consciência”. Laerte Levai informa que a objeção de consciência pode ser exercida de forma individual, por exemplo, pelo estudante que não quiser praticar da experimentação, mesmo que esse procedimento conste de sua grade curricular. A base legal para a evocação desse direito, segundo ele, é o artigo 5º incisos VI (liberdade de consciência) e VIII (convicção filosófica), conjugado com o artigo 225 par. 1º, inciso VII da Constituição Federal (vedação à submissão de animais a atos cruéis), bem como o artigo 39 da Lei estadual paulista 11.977/05 (Código de Bem-Estar Animal).

Existem poucos casos de evocação desse direito no âmbito da experimentação animal, e muitos dos casos evocados já foram negados. A estudante de farmácia Paola Coelho, entretanto, conseguiu o direito no terceiro semestre de sua graduação. Ela diz que não se sentiu em defasagem em relação a seus colegas, pois conseguiu substituir as aulas experimentais por métodos alternativos de aprendizagem. Segundo ela, repensar a profissão – o que muitos pesquisadores acreditam ser o ideal, já que as competências associadas ao currículo desta são imprescindíveis para a atuação do profissional – nunca foi uma opção. Ela comenta que sabia que sua escolha profissional acarretaria em conflitos com algumas condutas dessa área de estudo, mas diz que a área da saúde precisa de pessoas que se preocupem com as animais para, inclusive, tentar mudar as metodologias atuais.

Dor e sofrimento

Talvez o maior argumento limitador ao uso de animais na experimentação esteja no fator “dor e sofrimento”. Essa discussão é interessante, afirma o fisiologista Leite, exatamente porque “as decisões tomadas para tornar os procedimentos éticos e garantir o bem-estar dos animais, seja dentro do laboratório ou em seu ambiente natural, passam pelo conhecimento gerado por pesquisas com esses animais”. Já Vânia, embora reconheça ser muito difícil provar o grau de dor e de sofrimento de um ser vivo, por serem essas experiências muito subjetivas, acredita que podemos, de forma sensata, imaginar que o que causa dor e sofrimento para nós, humanos, muito provavelmente deve causar também aos animais, sobretudo aos mamíferos. Neste caso, a advogada pensa ser fundamental aplicarmos, aos animais, o benefício da dúvida – ou seja, se houver dúvida quanto à possibilidade de sofrimento do animal a ser submetido ao experimento, o melhor é não submetê-lo ao mesmo.

Nádia considera que o sofrimento se situa no campo do direito e da ética, desvencilhando-se das projeções biológicas quanto à natureza e o mundo social. Ela diz que essa é uma questão capciosa e pode não ser politicamente confiável, pois identificar-se ou não com o sofrimento de outrem pauta uma espécie de “guerra da piedade”. A antropóloga pontua que a discussão ética deve se voltar também para o próprio modelo experimental e o poder de intervenção sobre os corpos de outrem, sejam eles humanos ou não-humanos.

A complexidade do tema não permite que a experimentação animal seja abolida subitamente, no entanto, as discussões evoluem em prol de uma conscientização crescente, sobretudo daqueles que praticam a experimentação, e contribuem para tornar mais palpável para a sociedade conceber os animais não-humanos como seres que também pensam, sentem e produzem cultura.

Para saber mais:
- sobre técnicas alternativas de experimentação animal
- “Entendimento humano da experimentação animal”. Artigo de Whotan Tavares de Lima na Revista Ciência e Cultura
- “Comissão de ética animal”. Artigo de William Saad Hossne na Revista Ciência e Cultura
- “Objeção de consciência à experimentação animal”. Artigo de Vânia Rall Daró, da Universidade Potiguar.

Não, não sou amiga dos animais!

Publicado originalmente por "Les Cahiers Antispecistes".
LAIR publications
Editors Norma Benney, Gisèle Mauras
Traduzido em francês pelo "Collectif Parisien Anti-Vivisection"
Tradução: Anna Cristina Reis; revisão: Gabriela Chamoulaud

Esse texto foi publicado há muitos anos atrás na revista Le pigeon voyageur, sob a assinatura acima. O grupo LAIR, que parece não existir mais, se definia, até onde sabemos, como "gays e feministas interessados pelos direitos dos animais". Infelizmente não sabemos quem era o "Collectif Parisien Anti-Vivisection" que declara, ao lado deste artigo: "Queremos falar pelos que não são representados, pelos supliciados. O maior denominador comum para todos é a expressão de uma ética que englobe os mais fracos. A questão não interessa ninguém pois trata-se de um não-poder, de uma não-palavra..."

Estou cansada de escutar as pessoas dizerem – assim que ficam sabendo que sou vegan e anti-vivisseccionista – "Oh! É óbvio que você é amiga dos animais". Se eu protestasse pelos paquistaneses que são martirizados pelo partido de direita, não imagino que estas mesmas pessoas diriam com a mesma complacência: "Oh! É óbvio que você sempre gostou dos paquistaneses".

Opor-se à exploração dos animais e à opressão dos "não humanos" nada tem a ver com o fato de ser "amigo dos animais". Há centenas e milhares de amigos de animais por aí. Os restaurantes com rodízios de carne estão cheios deles. As lojas que vendem artigos de pele, também. Os domadores dos circos fazem poses afetuosas com os animais que domam com descargas de eletricidade e bastões de ferro.

O chofer de caminhão que transporta os animais para os abatedouros de um outro país e os deixa três dias sem água e sem comida, até que os animais se comam mutuamente, volta correndo para casa, para sua mulher e seu gatinho. O vivisseccionista, cansado após uma tarde de experiências feitas em um animal não anestesiado, volta para casa e acaricia seu cão...

Não, eu não amo particularmente os animais!

E nem sei se ter um em casa seja uma boa idéia. Pois a sociedade protetora dos animais "Battersea Dogs Home" sacrifica cem cães por semana, cães que foram encontrados abandonados nas ruas – abandonados, sem dúvida, pelos amigos dos animais. As pessoas que se declaram amigas dos animais são, habitualmente, pessoas muito sensíveis. Quando você quer lhes mostrar fotos de vivissecção, elas replicam invariavelmente: "Oh, não! Eu não posso nem ver isso. Isso acabaria comigo". Essas pessoas preferem não saber. Escutamos vagamente falar de um cara que conheceu uma outra pessoa que foi visitar um abatedouro uma vez e que não pôde dormir durante uma semana ou que não pôde mais comer carne durante quinze dias. Mas "é uma experiência terrível, e eu preferiria nem tomar conhecimento". É possível visitar um abatedouro. Mas não existe a mesma oportunidade de visitar um laboratório de vivissecção. Os vivisseccionistas tomam suas precauções quanto a isso. Nos laboratórios onde as experiências são feitas nos animais, as portas estão fechadas para a polícia, para os deputados nos quais você vota, para os representantes das entidades de proteção animal, para o público, para os amigos dos animais, para todo mundo. Assim, os animais podem ser envenenados, seus olhos arrancados, tornarem-se loucos, serem cortados em pedaços (ainda vivos e conscientes), trepanados, batidos, comprimidos para a satisfação e a curiosidade dos vivisseccionistas. O público não está lá para ver.

Para mim, "amigos dos animais" é um termo pejorativo, degradante, ao qual a gente se refere como quando se refere aos militantes feministas. Isso subentende uma predisposição por um mundo de peles confortáveis e voluptuosas. Um termo que nos faz pensar em uma menininha de um livro de contos infantis que joga migalhas de pão na neve para alimentar os pássaros no inverno.

A liberação do animal ainda deve nascer e esse movimento não tem nada a ver com os "amigos dos animais". As pessoas interessadas pelo movimento de liberação animal não possuem obrigatoriamente animais. Nós não conversamos com os animais através das grades de gaiolas. Não compramos fotos de gatinhos com a cabecinha para fora de uma bota. E nunca proclamamos sorrindo que somos amigos dos animais, nos desculpando assim, de toda ação para combater o chauvinismo humano que é universal, infinito e pouco detectado por estar tão presente em nossa vida cotidiana.

Famosos anti-vivisseccionistas do passado

Essa manifestação, além de ser bastante forte - pois une um início solene a um final catártico, traz informações bastante oportunas sobre importantes anti-vivisseccionistas do passado... importante notar que são pessoas que deram grandes contribuições à nossa ciência e declaradamente se opunham ao uso de animais em pesquisas.

Pelo fim da exploração de animais em laboratórios

Nos laboratórios públicos e privados franceses, um animal morre sob tortura a cada 12 segundos. Estas cenas são de uma manifestação feita no início de 2012, em Bordeaux no dia 12 de fevereiro de 2012. Que seja inspiração para muitas outras, lá, aqui e em qualquer parte do planeta.

II Manifestação Nacional contra a Vivissecção e a Experimentação Animal

Brasília aderiu à II Manifestação Nacional contra a Vivissecção e a Experimentação Animal convocada pelo Cadeia Para Quem Maltrata os Animais! Será no dia 28 de abril (sábado), às 15 horas (local a definir). O comitê organizador está sendo montado. Caso deseje participar, por gentileza, entre em contato via bsblibertacao@gmail.com, para que possamos criar um grupo o quanto antes. Obrigada!
Cadeia Para Quem Maltrata os Animais - Libertação Animal Brasília - Weeac

Leonardo da Vinci e os animais (artigo em inglês)

Maravilhoso este artigo sobre Leonardo da Vinci: o ativista dos direitos animais dentro do artista!
Publicado pelo jornal inglês The Guardian

♥ ♥ ♥
Leonardo da Vinci unleashed: the animal rights activist within the artist

Jonathan Jones · guardian.co.uk

The greatness of an artist has never been more overwhelmingly demonstrated. The exhibition Leonardo da Vinci: Painter at the Court of Milan at the National Gallery reveals, in an intimate, sensitive way, the stupendous quality of Leonardo as a painter and draughtsman. I got another chance to see it this week, and was more impressed still with the insightful and imaginative way it has been curated.

Yet Leonardo was not just a wondrous artist. He was also a wonderful man. Anyway this is what his first biographers claimed in the 16th century, and this week in our interactive series on Leonardo's drawings we present evidence that he was admirable, not just in the terms of his own time, but according to our attitudes today. Long before such ideas were widespread, let alone fashionable, he defended the rights of animals.

As a child in the 1970s I had a Ladybird book about the lives of great artists. The artist who fascinated me in it was Leonardo – I cannot even remember who the others were. What I most vividly remember is a picture in the Ladybird book of Leonardo releasing a bird he had just bought at market from its cage, while amazed bystanders look on. This illustrates a claim in Giorgio Vasari's life of Leonardo, first published in 1550. Vasari says the genius so loved animals that he bought caged birds – sold in Italy at that time as food, as well as pets – simply to let them go.

It sounds like a wild bit of hagiography. It obviously associates Leonardo with the image of Saint Francis of Assisi, who preached a sermon to the birds and – as shown by the painter Sassetta in the National Gallery collection – negotiated peace between the people of Gubbio and a wolf.

But – as the quotations from Leonardo's notebooks in our interactive guide to his drawings of a dog's paw show – Vasari was not making this one up. Whether or not Leonardo really set birds free, he definitely did question the superiority of humans to the rest of the animal kingdom. It is a repeated theme in his notebooks. He writes in them that humanity is not "king of the animals" but merely "king of the beasts", that is, a more powerful beast than the rest: and he goes on to rage that we use our power to raise animals for slaughter. Warming to his theme, he points out that none of the other animals do what some humans do, and eat their own species – he was writing this at a time when the Florentine explorer Vespucci (or someone using his name) published sensational stories of cannibalism in the New World.

Leonardo da Vinci's assertion that we are animals, and do not have any God-given right to eat our fellow creatures, was totally at odds with the culture of his age. As the historian Keith Thomas has narrated, interpretations of Genesis in his time aggressively declared that animals are created for human use. Only in the 18th century did more sensitive attitudes become widespread.

Leonardo is an exception – in this as in so many other fields. It would be wrong to reduce him just to a predecessor of modern ecology – in my book about him I show that his relationship with nature looks backward as well as forward, relating him to shamanism in the world of medieval peasants. Yet his incomparable imagination let him anticipate our own debates today. A letter to his patron Giuliano de' Medici actually refers to "our Leonardo da Vinci" as someone who refused to eat meat. It is further evidence that Vasari's saintly image of Leonardo the liberator of animals is rooted in reality. We are dazed by the paintings. If we explore his notes and the early stories of his life, we are equally amazed by the man.