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Flash Mob Anti Vivissecção e Experimentação Animal

Assim foi nosso flash mob realizado no dia 27 de abril (sexta-feira), como prévia da manifestação do dia 28!!! O balanço não poderia ser melhor! Tivemos um quórum razoável, as pessoas se mostraram bastante interessadas pelo nosso protesto e, ao final, ainda fomos recebidxs no Ministério, onde conversamos por cerca de um hora com pessoas ligadas ao CONCEA.

 

Gostaríamos de aproveitar para convidar todo mundo a participar da 2a Manifestação Anti Vivissecção que faremos neste sábado, dia 28 de abril, às 15 horas. Nos encontraremos em frente à estação do metrô da rodoviária de Brasília e faremos uma passeata pelo trecho Rodoviária-Conic-Conjunto Nacional. Venham de branco, tragam cartazes, apitos, e, se possível, máscaras cirúrgias e jalecos! A presença de cada pessoa é fundamental!!! Quem não for de Brasília também pode participar da manifestação em uma das outras 46 cidades que aderiram à convocação feita pelo grupo Cadeia Para Quem Maltrata os Animais. Confira aqui a listagem de cidades participantes!









Programação da Semana Anti Vivissecção e Anti Experimentação Animal em Brasília

Estas ações fazem parte da agenda de atividades relacionadas à Manifestação Anti-Vivissecção e Anti Experimentação Animal, que ocorrerá em em cerca de 50 cidades brasileiras, no dia 28 de abril.

Convocação: Cadeia Para Quem Maltrata os Animais / Weeac
Realização: Libertação Animal Brasília com apoio de ativistas e grupos de proteção animal do DF

Divulguem e convidem amigos e amigas simpáticos à causa!

Dia 23 de abril (2a)Flash Mob no Restaurante Universitário da Universidade de Brasília
Horário: 12:15 (almoço)
Local de encontro: em frente ao RU
Aberto a todas as pessoas que desejarem participar.
Não é necessário levar nada, apenas 1 plaquinha ou papel impresso com a seguinte imagem:



Como será:
  • As pessoas chegarão às 12:15 e se reunirão no local indicado (em frente ao RU)
  • O grupo se distribuirá ao redor do ministério e áreas próximas conforme quantidade de pessoas que aparecerem.
  • Às 12:30 a primeira pessoa irá cair – será dado um grito de “dor” e, em seguida, todas as demais pessoas cairão e permanecerão no chão por 1 minuto.
  • Após um minuto será tocado 1 apito. Todas/as os/as participantes levantarão com suas plaquinhas nas mãos e manifestantes distribuirão rapidamente material informativo e mostrarão cartazes.
  • Em seguida, o grupo se dispersará muito rapidamente e tudo voltará ao normal.

Vejam este vídeo para terem uma idéia de como faremos:






Dia 24 de abril (3a)Exibição do documentário “Não Matarás” seguido de debate
Local: Devido a uma dificuldade de logística para exibição no local anteriormente previsto, optamos por adiar este evento e disponibilizar, enquanto isso, o link para que as pessoas possam assistir o documentário pela internet, por meio do seguinte endereço:


 
 
 
Não Matarás é um documentário brasileiro produzido pelo Instituto Nina Rosa sobre experimentação em animais e suas consequências para os próprios animais, para o homem, para a educação e para o mercado.
A prática de experimentação animal é comum no meio acadêmico, em pesquisas biomédicas, nos testes de produtos de limpeza e cosméticos. Estimativas oficiais indicam que entre 17 e 70 milhões de animais são usados em experimentações somente nos EUA. No Brasil não é muito diferente, e em todo mundo, animais vem sendo mortos como alternativa mais barata, e para alguns mais confiável, para testar os produtos que nós consumimos.
Nas últimas décadas, o movimento de defesa dos direitos animais passou a denunciar o que muitas pessoas sequer imaginavam que ocorria nos laboratórios de pesquisa e nas salas de aula. Essa exposição tem causado alvoroços em laboratórios, empresas e universidades e motivado cada vez mais a sociedade a entrar no debate sobre vivisseção e experimentação em animais, e a cobrar a substituição dessas práticas.


Dia 27 de abril (6a)Flash Mob em frente ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Aberto a todas as pessoas que desejarem participar.
Horário: 8:30 da manhã
Local de encontro: Ponto de ônibus do Ministério da Ciência e Tecnologia
Não é necessário levar nada, apenas 1 plaquinha ou papel impresso com a seguinte imagem:


Como será:
  • As pessoas chegarão às 8:30 e se reunirão no local indicado (ponto de ônibus do MCT)
  • O grupo se distribuirá ao redor do ministério e áreas próximas conforme quantidade de pessoas que aparecerem.
  • Às 8:40 a primeira pessoa irá cair – será dado um grito de “dor” e, em seguida, todas as demais pessoas cairão e permanecerão no chão por 1 minuto.
  • Após um minuto será tocado 1 apito. Todas/as os/as participantes levantarão com suas plaquinhas nas mãos e manifestantes distribuirão rapidamente material informativo e mostrarão cartazes.
  • Em seguida, o grupo se dispersará muito rapidamente e tudo voltará ao normal.
Vejam este vídeo para terem uma idéia de como faremos:


Teremos pessoas que irão fotografar e registrar ambos os flash mobs e já está definido também quem irá panfletar ao final. Porém, quem quiser participar nessas ações ou tiver alguma dúvida por favor, entrar em contato pelo e-mail bsblibertacao@gmail.com.



Dia 28 de abril (sábado) 
Manifestação Anti Vivissecção e Experimentação Animal

Local de encontro: em frente à estação de metrô da Rodoviária de Brasília
Horário da concentração: 15:00
Passeata no trecho: Rodoviária - Conic - Conjunto Nacional
Como ir: de roupa branca
O que levar: faixas, cartazes, placas de protesto, jalecos brancos de TNT (descartáveis), apitos



Imprima este cartaz em uma folha A4 e cole em um local onde mais pessoas possam tomar conhecimento da manifestação! Temos também flyers disponíveis para distribuição. Pessoas interessadas em buscá-los, por favor, entrem em contato por e-mail bsblibertacao@gmail.com.

Para saber mais sobre nossa manifestação, sobre as outras cidades que aderiram ao movimento e para conhecer nosso manifesto, acessem www.contatoanimal.blogstpot.com

Links no facebook para acompanhar nossas atividades, confirmar presença etc:

Link da Manifestação em Brasília https://www.facebook.com/events/297344816989265/
Link da exibição do documentário Não Matarás https://www.facebook.com/events/229175027189751/
Link para organização do Flash Mob https://www.facebook.com/events/203111659804154/
Link na Manifestação Nacional https://www.facebook.com/events/310092515704347/



The Superior Human?

The Superior Human? é um documentário que busca desafiar sistematicamente a crença comum de que a vida humana é superior a de outros seres. Ainda sem legendas para o português, o vídeo foi lançado no final de março de 2012 e pode ser visto online. Conta com a participação de figuras hoje referência nas discussões sobre libertação animal e veganismo, tais como Dr. Bernard Rollin, Gary Yourofsky, Dr. Richard Ryder e Dr Steven Best. Maiores informações no site oficial: http://thesuperiorhuman.ultraventus.info/




Especismo

Artigo escrito por José Eustáquio Diniz Alves* e
publicado pelo
Jornal da Ciência em 11 de abril de 2012.

*José Eustáquio Diniz Alves é doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE. Artigo enviado ao JC Email pelo autor.


Especismo é a discriminação existente com base nas desigualdades entre espécies. Ocorre, em geral, quando os seres racionais se consideram superiores aos demais seres vivos, inclusive, superiores aos seres sencientes não-racionais. O especismo é uma das consequências do antropocentrismo, que é a concepção que coloca o ser humano no centro das atenções do mundo, definindo a humanidade como a única espécie sujeita de direitos.

O especismo e o antropocentrismo têm suas origens mais distantes nos registros religiosos. No livro de Gênesis, do Velho Testamento, está descrito que Deus criou o mundo em sete dias, sendo que no sexto dia, no cume da criação e antes do descanso do sétimo dia, Ele criou o ser humano (primeiro o homem e depois a mulher) à sua própria imagem e semelhança, ordenando: "Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra".

Esta concepção teo-antropocêntrica de superioridade e dominação reinou na mente das pessoas e nas diversas instituições durante milênios, especialmente no mundo Ocidental. Embora existam novas visões na Igreja que pregam que a "atitude do homem perante o mundo não pode ser de desenraizamento, distanciamento, independência e oposição, mas de compromisso com a Natureza", ainda hoje há muita gente que acredita que a população humana deve continuar crescendo, ocupando os "territórios vazios" e dominando todas as outras espécies vivas da Terra.

Porém, desde o fim da Idade Média surgiram movimentos científicos e filosóficos que questionaram, em primeiro lugar, a filosofia e a cosmologia teocêntrica. Na Renascença, Nicolau Copérnico (1473-1543) rompeu com a visão geocêntrica (a Terra no centro do Universo) e formulou o modelo heliocêntrico (o Sol no centro do Universo). Contudo, o desenvolvimento da astronomia foi muito mais longe e mostrou que o Sol é apenas uma estrela de quinta grandeza, que tem "apenas" 4,7 bilhões de anos e nasceu muito tempo depois da criação do Universo, que por sua vez não é fixo e está em constante expansão. O Sol fica na periferia da Via Láctea, sendo uma das bilhões de estelas desta Galáxia, que por sua vez é uma das bilhões de Galáxias que existem em um Universo de cerca de 14 bilhões de anos. Há também a possibilidade de existência de Universos paralelos, o que diminui ainda mais a importância do Sol entre os demais astros galáticos.

Portanto, se o Sol é uma estrela da periferia da periferia do Universo, a Terra é apenas um planeta sem luz própria e que gira, preso pela gravidade, em torno do Sol e depende de sua energia e calor. Como se diz popularmente: a Terra é um grão de areia na imensidão do Universo. Mas este "grão de areia" é a casa de cerca de nove milhões de espécies, que vivem em suas terras, águas e ar.

Nos séculos XVII e XVIII, surgiram movimentos científicos e filosóficos questionando as noções de que a natureza e as espécies são imutáveis, teriam origem divina, foram criadas de forma independente e que o ser humano possui semelhança com Deus.

Com base no empirismo e no iluminismo os pensadores progressistas buscaram combater os preconceitos, as superstições e a ordem social do antigo regime. Ao invés de uma natureza incontrolável e caótica, passaram a estudar suas leis e entender o seu funcionamento. Associavam o ideal do conhecimento científico com as mudanças sociais e políticas que poderiam propiciar o progresso da humanidade e construir o "paraíso na terra". Os pensadores iluministas buscaram substituir o Deus onipresente e onipotente da religião e das superstições populares pela Deusa Razão. Em certo sentido, combateram o teocentrismo, mas não conseguiram superar o antropocentrismo, mantendo a oposição entre cultura e natureza, entre o cru e o cozido, a linguagem escrita e a linguagem não formal e entre a racionalidade e a irracionalidade.

Já Charles Darwin (1809-1882) mostrou que todas as espécies têm uma origem comum, não são imutáveis e evoluem por meio da seleção natural, sendo que toda forma de vida atual é descendente de alguma outra espécie já extinta. Para Darwin não existem espécies superiores ou inferiores, mas apenas espécies mais adaptadas ou menos adaptadas ao meio ambiente da Terra. No máximo haveria diferenças de grau e não de essência. Inclusive a mente humana se desenvolve em função do processo evolutivo. Em síntese, todas as espécies são irmãs, pois possuem origens ancestrais comuns.

Contudo, existem pessoas que ignoram os danos ambientais da civilização e consideram que o ser humano está no topo da evolução das espécies. Além disto, toda a legislação existente na face da Terra coloca, fundamentalmente, apenas o ser humano como sujeito de direitos plenos. Evidentemente, existem países que não respeitam nem os direitos humanos. Mas, onde existe o Estado Democrático de Direito, as normas jurídicas, em maior ou menor medida, combatem o classismo (discriminação com base em renda ou posição social); o sexismo (discriminação com base no sexo e nas diferenças entre homens e mulheres); o racismo (discriminação com base em cor, raça ou etnia); o escravismo (discriminação com base na propriedade ou dominação de uma pessoa sobre outra); xenofobismo (discriminação ou antipatia por estrangeiros) e o homofobismo (discriminação com base na orientação sexual).

Todavia, quase não existe uma legislação combatendo o especismo, pois os animais não-racionais, em geral, não são considerados sujeitos de direito, no máximo são objetos de tutela. No Brasil existe uma legislação de proteção aos animais. Por exemplo, em 1934, o Decreto 24.645, assinado pelo Presidente Vargas previa detenção de dois a quinze dias para quem praticasse maus-tratos contra animais. A Lei de Crimes Ambientais, de 1998, ampliou o período de prisão de três meses a um ano para casos de maus-tratos ou abuso contra animais domésticos, silvestres, nativos ou exóticos. No plano internacional, a Unesco proclamou a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, em 1978, foi um grande marco na luta pela causa animal, defendendo os direitos dos seres vivos que não são capazes de defesa própria.

Contudo, o planeta Terra continua dominado pelos seres humanos, que consideram os animais propriedade ou coisas, a serviço dos interesses antropocêntricos e egoísticos. Cerca de 30 mil espécies são extintas todos os anos e bilhões de animais são mortos anualmente para saciar a fome humana. Os maus tratos contra animais são abundantes. É comum ouvir pessoas dizerem que enquanto houver "uma criança passando fome" o ser humano tem o direito de prosseguir com o desenvolvimento econômico e utilizar a vida de animais e outros recursos naturais em benefício próprio. Em contraposição, no máximo são criados alguns parques para a proteção dos animais mais ameaçados, mas que funcionam com exceções que confirmam a regra da escravidão e da dominação animal.

Portanto, a desigualdade entre as espécies é uma realidade inquestionável. A ciência humana descobriu que pertence a uma espécie praticamente insignificante no Universo, mas as pessoas continuam se achando o centro da Terra e superiores às demais espécies, sendo as únicas portadoras de direitos. Por isto, as atividades antrópicas ocupam cada vez mais espaço no Planeta e a humanidade sufoca a vida não-humana e a biodiversidade. Os maus tratos contra as outras espécies e a servidão animal continuam predominando no mundo. Mesmo pessoas que combatem o classismo, o sexismo, o racismo, o escravismo, o homofobismo e o xenofobismo aceitam sem muito senso crítico o especismo.

Porém, para um número cada vez maior de pessoas, está na hora de mudar esta situação. O tema dos direitos dos animais deve estar presente na Rio + 20. A noção antropocêntrica e narcisista, aprovada na Rio/92, de que "Os seres humanos estão no centro das preocupações para o desenvolvimento sustentável" deve ser alterada, para uma nova concepção que leve em conta os princípios biocêntricos. Os demais seres vivos e o próprio Planeta possuem direitos à existência em si - direitos intrínsicos - e não podem ser vistos apenas como insumos para o bem-estar humano.

Brasil busca a liberdade animal em pesquisas

Conferência mostra tendência em favor de práticas que substituam o uso de animais em estudos

Por Michelle Treichel - Publicado em 04/04/2012


A utilização de animais na pesquisa e na docência pautou na tarde de ontem o 1º Seminário de Bioética e Pesquisa da Unisc, promovido pelo curso de Direito, Comitê de Pesquisa em Ética, Comitê de Ética no Uso de Animais e Hospital Santa Cruz. Os debates da conferência Bioética e Animais na Pesquisa e no Ensino foram centralizados no anfiteatro do bloco 18 e embasados em palestras técnicas sobre o assunto. Conforme defende a professora da PUC/RS, Anamaria Feijó, é preciso estabelecer limites em relação ao uso de animais, principalmente quando se tratam de pesquisas fúteis. “Estudos que não tenham maior abrangência nacional ou internacional não deveriam ser feitos”, defende.

Em sala de aula, Anamaria ressalta que há métodos alternativos que poderiam minimizar ou até mesmo erradicar o uso de animais na docência, como já acontece em universidades de renome internacional. Para ela, nos cursos de Medicina Veterinária, por exemplo, o principal objetivo deveria salvar vidas, e não ao contrário. “Nos países desenvolvidos, os alunos acompanham os professores para tratar dos animais que realmente têm problemas. Eles aprendem a tratar dos bichos a partir de sua cura.” Reforça, ainda, que é inadmissível sacrificar vidas saudáveis em favor de uma técnica. “Trata-se de uma mudança cultural, com resultados a médio e longo prazo.”

Durante o evento, a professora da Unisc, Natália de Campos Grey, abordou a parte legal relacionada ao assunto. No Brasil, a lei 11.794/2008 disciplina a criação e utilização de animais em atividades de ensino e pesquisa científica, sendo regulamentada pelo decreto 6.899/2009. “Estamos no caminho que trilha a substituição de animais nas medidas científicas e tecnológicas por práticas alternativas”, explica. As resoluções dão mais força aos Comitês de Ética no Uso Animal (Ceuas), que podem nortear a questão e ampliar as boas práticas. Natália ainda lembra do exemplo da União Europeia, que atualmente possui a legislação mais rigorosa em relação ao uso de animais.

Fígado artificial vai substituir testes de medicamentos em animais



Pesquisadores alemães desenvolveram um modelo biológico do fígado capaz de funcionar fora do corpo humano, tornando-se uma ferramenta importante para o teste de novos medicamentos.

Além dos aspectos éticos crescentemente levantados contra o uso de animais para a pesquisa demedicamentos, cada vez mais os cientistas admitem que ratos e camundongos quase nunca são modelos adequados para o teste de remédios para uso por seres humanos - veja a reportagem Genoma do camundongo mostra deficiências de seu uso como modelo animal.

"Nosso órgão artificial tem por objetivo oferecer uma alternativa aos experimentos com animais," diz a professora Heike Mertsching, do Instituto Fraunhofer, que desenvolveu o fígado artificial em conjunto com suacolega Johanna Schanz.

"Particularmente, humanos e animais têm metabolismos diferentes. 30% de todos os efeitos colaterais aparecem apenas nos testes clínicos, quando os medicamentos são dados a humanos," diz a pesquisadora.

Fígado artificial

O modelo de fígado artificial possui um sistema próprio de vascularização, criando um ambiente natural para o crescimento das células. As células humanas foram colocadas sobre a estrutura de vasos sanguíneos de um pedaço de intestino de porco. Todas as células do animal foram retiradas, mas os vasos sanguíneos foram preservados.

As pesquisadoras usaram células humanas responsáveis pela quebra e transformação dos medicamentos, chamadas hepatócitos, e células endoteliais, que agem como uma barreira entre o sangue e as células dos tecidos.

A fim de simular o sangue e a circulação, os pesquisadores colocaram o modelo em um biorreator controlado por computador, dotado de uma bomba tubular flexível. Isto permite que os nutrientes circulem, sendo injetados e retirados da mesma forma como ocorre no sistema de veias e artérias do corpo humano.

"As células ficam ativas por até três semanas," dizem as pesquisadoras. "Esse tempo foi suficiente para analisar e avaliar as funções. Mas é possível alcançar um período maior de funcionamento."

Tecido para transplantes

As duas cientistas verificaram que o modelo biológico artificial funciona de forma similar ao fígado humano, quebrando as moléculas dos medicamentos, retirando os compostos tóxicos e fabricando proteínas.

Estas são pré-condições importantes para a realização de testes de medicamentos ou mesmo para um futuro uso dos tecidos artificiais em transplantes, na medida que o efeito de uma substância pode mudar quando ela é transformada ou quebrada quimicamente - muitos medicamentos somente são metabolizados em suas formas terapeuticamente ativas no fígado, enquanto outras podem desenvolver substâncias tóxicas.

As pesquisadoras já demonstraram as possibilidades básicas para o uso do seu modelo com vários tipos de células, incluindo fígado, pele e intestino. Os testes continuarão e elas afirmam que seu fígado artificial poderá se tornar uma alternativa aos experimentos com animais dentro de dois anos.

Excelente resposta à reportagem da Galileu “Ratos de laboratório têm mais mordomias do que se imagina”

Por Robson Fernando de Souza - www.consciencia.blog.br

Na prática entrando na recente onda do conservadorismo científico em defesa da exploração de animais em pesquisas, a revista Galileu fez na última sexta-feira, em uma reportagem, sua parte em tentar convencer os internautas de que não haveria nada de mais em explorar cobaias nos laboratórios e biotérios. De linguagem “cool” e juvenil, o site visou “mostrar” aos jovens leitores de que a vida dos camundongos e ratos seria algo análogo a uma hospedagem em hotel de luxo, coisa que mesmo os seres humanos invejariam, num esforço alienante e manipulador que, visando perpetuar e naturalizar a escravidão animal perante a sociedade, ainda mais as gerações juvenis de hoje, deve ser denunciado e desmentido.
O texto, dividido em três páginas, já fala de “mordomias” e afirma que as futuras vítimas das pesquisas in vivo teriam mais “benefícios” em sua prisão do que o senso comum pensaria. Sabe disfarçar com denotações fantasiosas e atraentes a velha argumentação pseudo-bem-estarista de que as cobaias seriam “bem tratadas” sob “normas rígidas de higiene e conforto”.
Mas cai a ficha rapidamente para quem sabe que o grande problema não são simplistamente o “bem-estar” e a existência de crueldades explícitas, mas sim a escravidão, o tratamento de animais como coisas, mãe de todas as violências do laboratórios. Logo no primeiro parágrafo da primeira página, vemos referências à “produção” e preço em dinheiro de roedores, como se fossem objetos feitos para o usufruto por seus usuários, mercadorias dotadas de utilidade para seus compradores.
Nesse processo, a linguagem fantasiosa se mostra novamente, ao dizer que “os ratinhos que vão dedicar sua vida e morte à ciência são tratados como reis”. É uma dupla inverdade essa parte. Primeiro porque eles não dedicam nada, e sim são forçados a viver e morrer para fins utilitários que não dizem respeito a qualquer de seus interesses próprios de seres sencientes. Segundo porque a alusão aos “reis” é uma falácia de falsa analogia, visto que nenhum rei é considerado ser moralmente inferior, forçado a nascer e viver para uma vida de prisão em pequeno confinamento e de servidão, programado geneticamente para sofrer doenças tormentosas, torturado e morto para fins de duvidosa “contribuição para o progresso”.
Em seguida, a descrição de toda uma parafernália técnica para “armazenamento” e “manutenção” das cobaias: esterilização, ar-condicionado, restrição de entrada, indumentária especial, temperatura específica constante, troca de ar, luz baixa, barulhos extremamente restritos…
A reportagem tenta passar a imagem de que isso seria para “acomodar bem” os animais, fazê-los se sentir “confortáveis” ou mesmo “respeitar seu estilo natural de ser”. Quando se sabe, porém, segundo alguns dos próprios praticantes de vivissecção, que nada disso é feito propriamente em respeito às cobaias, mas sim para impedir a introdução de variáveis inesperadas ou fatores que poderiam interferir na pesquisa – como o estresse em vão, a contração de doenças ambientais e o sentimento de calor. Se houvesse ali um mínimo de respeito aos animais, eles seriam deixados livres e não seriam sequer tocados por qualquer cientista que na nossa realidade estivesse interessado em lhes causar dores crônicas, câncer, choques elétricos, medo, estresse proposital e tudo o mais.
E volta à falsa analogia ao dizer que “nos biotérios, os ratos são tratados com a mordomia de um hotel 5 estrelas”: confinar um ser senciente necessitante de liberdade num pequeno espaço, por mais confortável que seja, não é tratá-lo com mordomia e luxo, e sim aprisioná-lo. E não há qualquer regalia na vida de um ser que é forçado à prisão perpétua desde o seu nascimento e será torturado num experimento em poucas semanas ou mesmo poucos dias de vida.
Virando a página, a desfaçatez continua, nesse trecho: “Depois do tratamento VIP no berçário, onde passam dias ou até meses, os animais são recrutados para os laboratórios. Começa aí sua vida de aventuras e desventuras.” Deve-se responder a isso com o ressalto dos seguintes fatos:
a) Não passa pela cabeça de ninguém de sã consciência tratar uma Very Important Personaprisionando-a num quarto onde ela passará o resto de sua vida e torturando-a e executando-a nos seus últimos dias ou semanas de existência;
b) Esses “dias ou até meses” são nada menos do que toda a vida do animal exceto o período da pesquisa;
c) Esse “recrutamento” é feito de uma forma forçada que nem o serviço militar obrigatório é capaz de fazer. É equivalente às Forças Armadas criarem seus recrutas desde o útero, sem que haja qualquer possibilidade de eles sequer sonharem com uma vida civil, e executarem todos eles depois de terem participado de uma guerra ou uma missão de paz. Os vivisseccionistas, para explorar as cobaias, se aproveitam justamente da impossibilidade de elas recusarem ou aceitarem a “missão” a que são forçadas, impondo um “recrutamento” extremamente forçado;
d) As únicas “aventuras” que podem vir à mente quando se fala nelas são os “desafios em labirintos e piscinas”, que, dependendo do propósito do experimento, podem induzir sofrimento e danos físicos nos animais, considerando que, por exemplo, pode ser uma pesquisa para testar como ratos alcoolizados ou entorpecidos com drogas pesadas lidam com piscinas ou labirintos;
e) Detalhe para as “desventuras”, que, como os defensores dos animais sabem, podem ser toda a sorte de experimentos de tortura, como indução de câncer, entorpecimento com drogas ilegais ou álcool, inalação de fumaça, choques elétricos, provocação de medo e ansiedade, entre tantos outros tipos. Como esses animais podem viver uma vida de “mordomia” ou ser tratados como “VIPs” se têm esse destino e ainda no final são invariavelmente mortos?
E a segunda página é bem curiosa. Ela contradiz toda a linha de raciocínio do texto como um todo, ao, sem querer, denunciar que os roedores são animais muito assustáveis e estressáveis e qualquer estímulo sensorial, por menor que seja, pode causar estresse ou comportamentos bizarros (como a mãe canibalizar seus próprios filhotes). Destaque para os três trechos seguintes, que põem abaixo a história de que a vida das cobaias seria algo invejável pelos seres humanos:
“Quando a reportagem da Galileu visitou o Laboratório de Cronofarmacologia da USP, a presença de estranhos causou agitação. Os ratos davam voltas na gaiola e se escondiam. A irritação maior foi a de um deles, fotografado sozinho. Os pelos se arrepiaram, os “bigodes” passaram a se mexer muito e, em seguida, o animal teve uma súbita dor de barriga e fez cocô ali mesmo.”
“Quando uma pessoa perfumada toca um filhote, a mãe pode não reconhecê-lo — e acabar comendo a própria cria. Barulhos como música e conversa alta também podem ter final trágico. “Se alguém der um grito perto de uma fêmea de porquinho-da-índia prenha, ela pode até abortar”, afirma [a diretora de um biotério]. Por isso, os pesquisadores tomam o maior cuidado para não estressar os bichos.”
“Não é à toa que os ratos se escondem atrás da lata de lixo ou em bueiros. Eles temem espaços abertos e altura. Os cientistas aproveitam esse ponto fraco para fazer testes de ansiedade. Soltá-los em piscinas fundas, onde eles não possam se apoiar, é uma das formas de testar suas reações. Mas o brinquedo mais popular da medicina comportamental é o labirinto, usado na avaliação de ansiedade há mais de 20 anos.”
Mais adiante, o título de outra seção da reportagem – “Roedor sem dor”. Acaba levando o leitor mais atento à conclusão de que apenas alguns ratos e camundongos (os reprodutores e reprodutoras) vivem “sem dor”, enquanto todos os demais enfrentam danos físicos e sofrimento quando são feitos vítimas das experiências. Aliás, mesmo essa parte é posta em xeque num verdadeiro tiro no pé por parte de sua autora. Porque, se interpretarmos o título “Roedor sem dor” como algo relativo à preservação da integridade física da cobaia, a afirmação de que ela é invariavelmente morta por abate ou jogada às cobras destrói essa própria insinuação titular.
E sem falar na grave indução ao erro que esse trecho final da segunda página traz aos leitores. Primeiro porque trata a questão das pesquisas com animais com um tremendo reducionismo: é como se todo o universo de experiências in vivo se restringisse a fazer os roedores enfrentarem medos ou ingerirem bebidas alcoólicas. Segundo porque ignora que as cobaias não reprodutoras são sacrificadas, por motivos de biossegurança, depois da conclusão dos experimentos, e não quando estão idosas.
Além, também, da repetição, no trecho final dessa página, da desfaçatez que marca a reportagem: “Justo. Afinal, dedicaram sua vida ao bem da ciência e muitos deixam descendentes para seguir o trabalho.” Tanto porque julga “justo” que se assassine animais em nome de um método antiquado e antiético de ciência experimental, ainda mais depois que eles passaram por toda uma vida de aprisionamento seguido de tortura, como na afirmação de que “dedicaram sua vida” a algo que não aceitaram nem puderam recusar fazer – ser vítimas de experimentos que violaram sua integridade física, lhes causaram sofrimento e implicaram o fim precoce de sua vida.
E na terceira e última página, repete-se a manipulação que marcou a primeira: alusões às características de hotéis (“5 estrelas”, “mordomia”, “hóspedes”, alimentos “servidos à vontade”). Já falavam George Orwell e Tom Regan sobre essa estratégia de abordar de forma interesseira um assunto que demanda senso crítico. O primeiro falou doduplipensar, através do qual a manipulação midiática torna sinônimas duas ideias diametralmente opostas (guerra e paz; escravidão e liberdade; ignorância e força; no caso da reportagem, prisão e hotel, exploração e vida boa). O segundo, por sua vez, traz ao debate “a arrogância de Humpty Dumpty”: fazer com que a palavra ganhe o significado que a pessoa interessada queira que tenha (no caso da reportagem, “mordomia” significa ocultamente manter um animal aprisionado, privado de liberdade, por toda a vida e torturá-lo em seus dias finais).
Quem leu a matéria pró-vivisseccionista percebeu que a Galileu presta, com ela, um grande desserviço à ética, tanto animal como jornalística, e atrapalha muito a discussão cada vez mais polemizada sobre o uso ad aeternum de animais não humanos em experimentos científicos.
Por outro lado, mostra o equívoco que é tentar defender os animais não humanos com base apenas no desejo de que vivam em bem-estar. É esse reducionismo bem-estarista que acaba autorizando aqueles que vivem de explorar animais a fazerem o que bem quiserem com seus escravos, inclusive infligir-lhes claras violências, desde que ponham nessa exploração uma roupagem de “preocupação com o bem-estar animal”. Isso nos leva à conclusão de que a luta de quem se opõe à experimentação em cobaias deve ser não simplesmente pelo bem-estar, mas pela libertação animal, pelo fim de toda e qualquer forma de tratar animais como escravos.